Crónicas da viagem a Barca D'Alva

Espaço, silêncio, inspiração e tempo, muito tempo para divagar, meditar e descobrir as ideias e palavras certas...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Olha o rebucado da regua!!

Subito transportar a uma infancia inexistente: povoam a minha mente os rebucados da regua. Creio, todavia sem estar certo, que a minha avo Irene, que percorria a distancia que separava Mogadouro do Porto de comboio, oferecia a par do seu coracao, das suas maos prodigiosas na feitura das rosquilhas, rebucados da regua aos netos.

Existiam, em tempos, uma serie de livros de aventuras, intitulados "Viagens no tempo". Cada uma destas viagens pressupunha a existencia de um local com uma "brecha" no tempo. Estas senhoras que apregoam o acucar caramelizado na forma de rebucado, corporificam esta tenue ligacao que temos com o primeiro comboio a vapor que percorreu a linha do Douro. Ja nao ha carruagens de ferro, ou locomotivas que regurgitam nuvens de fumo preto, mas continuam a existir rebucados da Regua.

A verdadeira viagem, para mim, comeca mal saimos de S. Bento, perde-se em Campanha, retoma-se aqui. Existe enquanto acompanhamos lado-a-lado o curso sinuoso do rio que da nome, vida, espirito, caracter, ao que se diz serem "as gentes do Norte". Provincianas, rudes, diamantes em bruto. De olhar maduro, como o vinho que nasce nas encostas que cruzaremos de agora em diante.

Neste momento comeca o segundo canto desta grandiosa epopeia: o profundo vale do Alto Douro apresenta as suas portas.

2 Comments:

At 5:41 da tarde, Blogger PM^ said...

Ainda bem que falaste nos rebuçados.
O capítulo 6 descreve a sra. dos rebuçados que ainda com o comboio em andamento apregoa "ÓÓÓÓlha ÒÒÒ rebuçáááádo daaa réééguaa...
-Vai um rebuçadinho menino, olhe que é prá viagem..."

Chefe, apenas uma correcção!
Já não existem carruagens de madeira, de ferro, ou melhor aço inox, ainda são felizmente, pelo menos por agora, as "nossas" Sorefame

 
At 12:25 da tarde, Blogger gpm said...

This is very good stuff in deed!
Gostei muito deste rebuçado da régua, perdão, deste texto.
Abraço

 

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